Unidade foi chave para o protesto com 20 mil em SP
Para Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o que mais surpreendeu na mobilização foi a quantidade de pessoas e de entidades. “A necessidade de reagir à crise se tornou um catalisador para a unidade dos movimentos. Demonstramos hoje que, caso persistam as demissões e os ataques aos direitos dos trabalhadores, temos condições de tomar medidas mais ofensivas”, declarou.
Além das oito centrais do país (CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central, CGTB, Conlutas e InterSindical), o ato foi promovido por entidades estudantis e comunitários, de sem-terra e sem-teto, jovens e mulheres, entre outros segmentos. Partidos políticos — com destaque para PCdoB, PSTU, Psol, PT e PDT — também marcaram presença.
“As centrais e os movimentos sociais estão unidos contra as demissões, pela redução dos juros e pelo crescimento econômico com geração de renda e emprego. A manifestação, aqui e no Brasil, está bombando”, resumiu o presidente da CUT, Artur Henrique, em referência à realização, também nesta segunda-feira, de outros atos unificados pelo Brasil. Somente nesta sexta-feira, cerca de 90 mil pessoas protestaram em todas as capitais do país.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, elogiou o anúncio da medida que prorrogou, na manhã desta segunda-feira, a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as montadoras. “Desta vez, o governo atendeu à luta das centrais e decidiu conceder o benefício apenas para empresas que não demitirem. É preciso manter essa orientação de pôr dinheiro na produção, não na especulação.”
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), frisou “a unidade e a maturidade” das centrais. “Esse ato terá uma repercussão emblemática”, previu. Membro da coordenação nacional da Conlutas (ligada ao PSTU), José Maria de Almeida, o Zé Maria, saudou “o começo de um processo de mobilizações” — que, segundo ele, “deve chegar agora às portas do Congresso e do governo federal”.
Próximas manifestações
“Vamos continuar pressionando para que o Estado garanta os direitos sociais e os investimentos nos serviços públicos”, declarou João Paulo, da coordenação nacional do MST. “A crise não é dos trabalhadores — e o povo brasileiro não pode pagar pela quebra do capitalismo.”
Já as entidades estudantis acusaram os efeitos da crise na educação. “Muitas faculdades privadas aumentaram as mensalidades e demitiram professores. Nas universidades públicas, vemos constantes ameaças de cortes de verbas e a redução dos salários dos docentes”, denuncia a presidente da UNE, Lúcia Stumpf. “Em 15 de abril, voltaremos às ruas contra o corte nos investimentos na educação, pelo fim do vestibular e pela reserva de vagas nas universidades públicas para estudantes de escolas públicas”, anunciou Ismael Cardoso, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes).
À luta contra as demissões e pela redução dos juros, o ato acrescentou bandeiras como “redução da jornada sem redução de salários e direitos”, “reforma agrária, já”, “por saúde, educação e moradia”, “em defesa dos serviços e servidores públicos” e “solidariedade ao povo palestino”.
André Cintra e Carla Santos
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