Um total de dois mortos, 37 feridos e 360 detidos foi o balanço feito nesta sexta-feira pelo presidente do comitê de Defesa dos Direitos Humanos de Honduras, Andrés Pavón, após a repressão desencadeada pelo governo de fato logo após o golpe executado contra o presidente constitucional, Manuel Zelaya.
Em contato telefônico com teleSUR, Pavón detalhou que quatro destas pessoas resultaram feridas por armas disparadas por militares e policiais, ao mesmo tempo que informou que as mortes também foram causadas pela repressão policial contra os protestos em apoio a Zelaya.
"Quero que o mundo saiba que o Ministério Público não realizou ações legais contra estes militares, nós estamos preparando ações legais para que uma vez que voltando a ordem constitucional vamos agir penalmente contra estes irresponsáveis", enfatizou.
Também, o presidente do comitê de Direitos Humanos revelou que se deslocou até a sede da Corte Suprema de Justiça (CSJ) e constatou que está fortemente militarizada e custodiada por funcionários do alto comando militar. Por outro lado, assinalou que a organização que preside apresentou um recurso de inconstitucionalidade contra o decreto pelo qual se suspendeu ao presidente Zelaya.
"A Constituição da República não dá faculdades ao Congresso para decretar a suspensão de Manuel Zelaya e isso significa que todo o comportamento tanto do honorável Congresso como dos deputados que participaram neste golpe de Estado técnico militar são atos de natureza fática, são atos nulos", explicou.
Pavón afirmou que na medida em que lhe dêem resposta ao recurso interposto, o mundo saberá se a CSJ está dentro dos limites da lei ou está de alguma maneira com os golpistas.
"Não podem negar que o honorável congresso não tem faculdades e obrigações para suspender a Zelaya", afirmou o defensor dos Direitos Humanos.
De igual forma, informou que esta organização apresentou um recurso de amparo frente ao decreto de suspensão de garantias publicado na última quarta-feira, "porque é um ato totalmente nulo que provêem de um governo de um homem que tem responsabilidades de um Executivo com natureza fática, de um golpe técnico militar".
Cabe destacar que, Pavón denunciou os recrutamentos ilegais de jovens que seriam usados como militares, o qual considerou um abuso de poder das forças armadas e do general destituído por Zelaya, Romeo Vásquez Velasquez, ao mesmo tempo em que ressaltou que em Honduras já existe uma lei na qual o recrutamento é voluntario e educativo.
Pavón manifestou sua preocupação pelo caso dos "falsos positivos" na Colômbia, onde jovens eram pressupostamente mortos em combate com as Forças Armadas e seus corpos apareciam posteriormente enterrados em fossas comuns em diversas zonas do país.
"Estes explosivos que foram colocados é parte da estrutura de terror e medo, e utilizaram os jovens para demonstrar que em Honduras se estão organizando de maneira armada o qual não é certo. Este país sempre tem sido pacifico", assegurou.
Escolas militarizadas
Por outro lado, se pode perceber que grupos anti-motins e tropas regulares das Forças Armadas tomaram, nesta sexta-feira, as principais cidades e rodovias de Honduras, enquanto helicópteros sobrevoam a zona para atemorizar os manifestantes e dissolver as marchas em apoio a Zelaya.
Também se pode ver que na área continuam ocorrendo prisões nas vias de acesso a Tegucigalpa, e inclusive têm tirado os documentos de identidade dos campesinos, indígenas e trabalhadores que viajam de ônibus rumo à capital para somar-se ao protesto.
Assim informou o representante do Bloco Popular, Juan Barahona, o qual reiterou que "nada deterá a luta contra o regime de fato, em apoio a Zelaya e pelo restabelecimento da ordem constitucional".
Segundo confirmou Barahona, os movimentos sociais hondurenhos sob nenhuma hipótese aceitarão as pretensões do presidente de fato, Roberto Micheletti, de antecipar as eleições gerais previstas para fins de novembro de 2009.
"Micheletti, é um presidente ilegal, imposto pela força, carece de autoridade para levar adiante as eleições", apontou o dirigente.
"Se a votação for antecipada, afirmou , teria que ser com Zelaya à frente da nação, porque ele é o mandatário constitucional, eleito pelo povo".
"Estamos preparados, motivados e organizados para fazer uma grande mobilização para receber Zelaya; vamos esperar onde seja, no aeroporto ou em qualquer fronteira", assegurou Barahona.
Rigoberta Menchú: "Se trata de um golpe de Estado".
À sua chegada à capital hondurenha para apoiar ao povo dessa nação e a seu presidente legalmente constituído, a Premio Nobel da Paz, a guatemalteca Rigoberta Menchú, declarou que "foi produzido um golpe de Estado em Honduras (...) pelo que "vimos acompanhar as organizações de direitos humanos e os irmãos hondurenhos".
A premio Nobel guatemalteca disse que ainda espera estar o tempo suficiente no país e que está aberta a conversar "com todos os que se aproximem".
A premio Nobel da paz indicou que, se reunirão com as organizações, os dirigentes sociais, os hondurenhos e os meios de comunicação, alem disso, efetuarão uma peregrinação pelo país.
"Dá-nos muita alegria estar aqui e expressar nossa solidariedade ao povo hondurenho", disse Rigoberta Menchú.
A vinda de Menchú ocorre no mesmo dia em que está prevista a chegada do secretario geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
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