A versão de que Olívio Dutra “correu” com a Ford daqui é fantasiosa e não corresponde aos fatos. Se alguém pode explicar em detalhes a operação este alguém é Yeda Crusius, que votou a favor dos baianos.
A grande acusação contra o candidato Olívio Dutra, sem qualquer dúvida, é a decisão tomada pela Ford de não instalar sua fábrica em Guaíba. Para o Estado, foi uma perda lamentável. Temos aí o resultado positivo da GM em Gravataí, que não permite sequer um comentário que desconsidere o peso econômico de uma montadora instalada em qualquer região do planeta. Apenas um papalvo não sabe disso. Abstraindo a tragédia, temos que trabalhar com a realidade. Ela é bem diferente do que apregoam monotonamente as “viúvas” da Ford. Olívio Dutra não mandou a Ford embora, como se ela fosse um empresinha de fundo de quintal e que, portanto, pudesse ser enxotada aos pontapés, não. Ficamos aqui prisioneiros, fundamentalmente, da versão antipetista do fato.
O fato
O prazo do Regime Automotivo Especial para serem concedidos novos incentivos fiscais às montadoras no Nordeste havia terminado em maio de 1997. Para agradar o então poderoso Antonio Carlos Magalhães (presidente do Congresso Nacional), FHC aceitou dar a Ford de presente aos baianos, em detrimento dos gaúchos. O Jornal Gazeta Mercantil, de 21 de outubro de 2001, afirmava: “O fato porem, é que a Bahia não mais contava, naquele momento, com condições de atrair uma montadora de automóveis”; e continuava: “para viabilizar a instalação da Ford na Bahia, o deputado federal Jose Carlos Aleluia (PFL-BA), relator da MP 1740, que tratava de ajustes no sistema automotivo brasileiro, incluiu no documento a prorrogação, por alguns meses, da vigência do Regime Especial do Nordeste”. Foi aprovado o projeto por voto simbólico das bancadas, transformando- se em lei, no dia 29 de junho de 1999.
Ação e votos
Na mesma sessão em que a prorrogação foi aprovada, o PT de Olívio Dutra apresentou um destaque pedindo votação em separado para o artigo 11, que favorecia diretamente a instalação da Ford na Bahia. Mas os deputados aliados de ACM não quiseram discutir o assunto e rejeitaram o requerimento em votação nominal. O jornal Gazeta Mercantil também revelou que o então secretário executivo do Ministério da Fazenda Pedro Parente, outro tucano, foi decisivo para garantir a Ford na Bahia. A versão, repetida à exaustão pelos antipetistas, não resiste a uma mínima pesquisa histórica a respeito do fato. Insistem na versão fantasiosa de que Olívio Dutra “acordou”, numa madrugada qualquer, e por capricho simplesmente mandou a Ford embora. Nem uma criança acreditaria que uma transnacional do porte da Ford poderia ser tratada com tamanha arrogância. Os fatos estavam se desenrolando em Brasília e atendiam a interesses políticos dos grandes caciques. A hoje candidata Yeda Crusius votou a favor da Bahia e contra os interesses do Rio Grande à época. Isto é fato histórico, ninguém pode desmentir. Podem apresentar versões, justificativas, mas não podem apagar o que está gravado nos anais do Congresso Nacional.
O que atraiu a Ford para a Bahia
Bilhões em subsídios e renúncia fiscal patrocinados pelo Estado da Bahia. Não nos cabe entrar na discussão sobre as vantagens ou não de implantar uma fábrica do porte de uma montadora como a Ford. Seria desperdício. Podemos trabalhar com dados. O governo baiano, através de incentivos, renúncias fiscais, investimentos e empréstimos para a instalação da montadora dispôs R$ 3 bilhões de reais, o que significa que para cada uma das 2 mil vagas abertas foram destinados R$ 1,5 milhão. Nos contratos conhecidos entre a Ford e o governo baiano não há nenhuma exigência de transferência de tecnologia, formação, nível salarial ou geração de empregos. Propagandeia- se apenas a geração de 5 mil postos diretos e 50 mil indiretos. A decisão da Ford de não se instalar em Guaíba, no Rio Grande do Sul, nem de longe passou pelos maus bofes do governo, mas, sim, pelas generosas vantagens que recebeu do Congresso Nacional ao aprovar fora do prazo um destaque de uma MP do governo de FHC. A versão de que Olívio Dutra “correu” com a Ford daqui é fantasiosa e não corresponde aos fatos. Se alguém pode explicar em detalhes a operação este alguém é Yeda Crusius, que votou a favor dos baianos. Yeda e outros políticos gaúchos foram os que realmente mandaram a Ford embora daqui. Olívio Dutra e o PT nada puderam fazer contra a decisão. Essa é a verdade, o mais é manipulação.
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