Além do Cidadão Kane

domingo, 12 de julho de 2009

Para que os responsáveis paguem pelo genocídio de Gaza

Traduzido por Rosalvo Maciel
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Apos vários meses de investigação, a Amnistía Internacional publica um informe de 117 páginas sobre a guerra levada a cabo por Israel em Gaza entre 27 de dezembro de 2008 e 19 de janeiro de 2009. As conclusões são pesadas para as forças israelitas: 1400 palestinos assassinados, entre os quais 300 crianças e centenas de civis desarmados. Donatella Rovera que dirigiu a missão de investigação em Gaza e no sul de Israel, comenta o informe.

Entrevista realizada por Charlotte Bozonnet a Donatella Rovera, investigadora da Amnistía em Israel e nos territórios palestinos ocupados.

"A maioria dos civis palestinos foi assassinada com armas de alta precisão que permitem ver os objetivos com todos os detalhes"

H.D.- Como se fez a investigação?
D.R.- Nossa equipe, que incluía especialmente um especialista militar, investigou no local em janeiro e fevereiro. Contrariamente aos grupos armados palestinos que reivindicam os disparos de mísseis no sul de Israel, em Gaza, o exercito israelense nega a quase totalidade dos fatos que se lhe imputam, explicando que tudo se faz para evitar vítimas civis. Por tanto era imperativo investigar cada caso. Temos examinado cada lugar para determinar as armas utilizadas, e interrogado aos sobreviventes.

H.D.- Você fala de uma operação inédita.
D.R.- Com a exceção da utilização do fósforo branco, os métodos usados pelo exército israelense não são novos. No entanto, esta operação é inédita pela sua amplitude, dado o número de vítimas civis e a extensão da destruição.

H.D.- Ao final da investigação, as acusações de crimes de guerra ainda aumentaram mais.
D.R.- Do lado de Israel, houve violações graves de direito internacional que constituem crimes de guerra em vários níveis. Em primeiro lugar, os ataques diretos e indiretos contra os civis. Israel utilizou armas concebidas para o campo de batalha contra uma população imobilizada, sitiada. Imaginem o que pode provocar o uso da artilharia nos bairros residenciais, sobre todo em uma zona tão densamente povoada.

Alem disso, a artilharia foi utilizada para dispersar fósforo branco que rapidamente caiu como uma chuva sobre as casas, os hospitais, as escolas da ONU… ainda mais preocupante: a maioria dos civis foram assassinados por armas de alta precisão que permitem ver os objetivos com todos os detalhes. Um segundo nível é a destruição em grande escala de moradias, estabelecimentos públicos, que são lugares civis e não têm nenhum interesse militar. Finalmente, impediu-se às equipes médicas de chegar às zonas onde se encontrava o exército israelita. Inclusive se disparou nas ambulâncias: 13 empregados de ambulâncias foram mortos.

Do lado palestino, as centenas de foguetes disparados sobre o sul de Israel também constituem crimes de guerra, porque são ataques indiscriminados contra a população civil. Mas a amplitude das violacoes varía consideravelmente! Do lado israelense, 3 civis e 6 soldados foram assassinados, do lado palestino, 1.400 pessoas foram assassinadas das quais mais da metade foram civis, entre elas 300 crianças.

H.D.- O exército israelense sempre acusou ao Hamas de haver utilizado civis como escudos humanos. O que há de tudo isso ?
D.R.- Não temos encontrado nenhuma prova de que as milícias do Hamas hajam utilizado civis como escudos humanos. Entretanto, sabemos que as forças israelenses o têm feito, inclusive através de testemunhos de soldados israelenses.

H.D.- Israel negou s informações, acusando-os de haver “sucumbido às manipulações do Hamas”. O que você responde?
D.R.- Israel e Hamas, os dois negaram a informação. No tema das “manipulações”, respondemos que em fevereiro, publicamos um informe denunciando as coações cometidas pelo Hamas contra outros palestinos, oponentes políticos no curso da ofensiva. Por outra parte, sei as autoridades israelenses consideram que nossa investigação contém erros, só tem que apontar publicamente as provas.

H.D.- O que esperam depois da publicação deste informe ?
D.R.- Uma missão de investigação da ONU dirigida por Richard Goldstone, se desenvolve atualmente, com a qual as autoridades israelitas se negam a cooperar. Dissemos a Israel que não é demasiado tarde para mudar de posição. Alem do que é necessário que a comunidade internacional passe a outra etapa, de maneira coletiva na base do Conselho de Segurança da ONU, ou de maneira individual, para que os responsáveis sejam levados aos tribunais

Fonte: Humanité Dimanche/Edición de PrensaPopularSolidaria_ComunistasMiranda
Publicado em Tribuna Popular

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