Israel ordenou aos soldados que disparassem indiscriminadamente durante a invasão da Faixa de Gaza, confirmam soldados do exército israelita, cujos testemunhos são um arrepiante relato dos crimes de guerra cometidos durante a operação «Chumbo Fundido».
Além do Cidadão Kane
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Soldados israelitas revelam atrocidades em Gaza
As ordens eram para matar
Israel ordenou aos soldados que disparassem indiscriminadamente durante a invasão da Faixa de Gaza, confirmam soldados do exército israelita, cujos testemunhos são um arrepiante relato dos crimes de guerra cometidos durante a operação «Chumbo Fundido».
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De acordo com um relatório de mais de uma centena de páginas apresentado a semana passada pela ONG Breaking the Silence, no qual se incluem os testemunhos de 26 operacionais e reservistas israelitas envolvidos na invasão da Faixa de Gaza, o comando militar e político israelita deu ordens explícitas para que os soldados não distinguissem entre civis desarmados e militantes do Hamas, instando-os a não hesitar em matar inocentes porque, para Telaviv, «na guerra urbana qualquer pessoa é nosso inimigo. Não há inocentes». «Se algumas vez nos falaram de inocentes, foi para nos dizerem que não havia inocentes», sublinha um dos soldados citados pela ONG.
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Os homens entrevistados pela Breaking the Silence destacam ainda que os responsáveis da ofensiva não se cansavam de repetir que «isto é a guerra e na guerra não há restrições para abrir fogo», ou que as considerações humanitárias, naquele ataque, não tinham qualquer cabimento, por isso, exortavam os comandantes, «não deixeis que a moralidade seja um problema. Deixa os pesadelos para mais tarde e agora dispara, simplesmente».
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Muitos dos soldados enviados para a frente de combate, por vezes batalhões inteiros, eram formados por jovens de 19 ou 20 anos que exibiam «um ódio e uma alegria de matar», dizem os soldados ouvidos pela ONG sob reserva de anonimato. «Para eles a vulgaridade e a violência são uma forma de vida», para além do que «não havia ninguém interessado em controlá-los», acrescentam.
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Arrasar Gaza
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Mas no decurso da agressão de Israel contra o povo palestino, iniciada a 27 de Dezembro e cujo balanço é de 1417 mortos, entre os quais 926 civis, mais de 50 mil habitações, 200 escolas, 800 propriedades industriais, 39 mesquitas e duas igrejas destruídas, muitas mais ordens criminosas foram dadas aos militares no terreno.
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Um dos objetivos era arrasar a Faixa de Gaza destruindo habitações e infra-estruturas, tática particularmente incisiva nas zonas próximas da fronteira. O nome de código dessas investidas era «o dia seguinte». Na prática, traduzia-se na destruição de reservatórios de água, casas, escolas, hospitais e tudo o que, ficando de pé, fosse um sinal da presença de populações palestinas no território.
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«Não se deixava uma só casa intacta», a ordem «era arrasar toda a área envolvente», diz um dos soldados. «O meu comandante disse-me, meio a rir, meio a sério, que essas demolições podiam acrescentar-se à sua lista de crimes de guerra», continua.
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Se um tanque não conseguia efetuar uma manobra, bombardeava uma dúzia de casas em redor e prosseguia», exemplifica outro.
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O uso de escudos humanos e os bombardeamentos com fósforo branco são igualmente práticas descritas nos relatos. «Antes de entrar numa casa era normal lançar mísseis, disparar obuses e granadas», procedimentos que, reconhecem, são «destruição em massa que não estava relacionada com qualquer ameaça direta».
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Para penetrarem nos edifícios em «segurança», os soldados enviam primeiro um «Johnny», isto é, um palestino que ia na frente dos soldados.
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Guerra santa
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Finalmente, o documento divulgado pela Breaking the Silence atesta que às práticas descritas corresponde uma superestrutura ideológica, uma doutrina.
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Panfletos distribuídos pelo exército apelavam à guerra santa judia contra os palestinos, classificados como «estranhos nesta terra», ou afirmando que aquela era «uma luta entre a luz e a obscuridade». «Os palestinos são os filhos da obscuridade e nós os filhos da luz», propagandeavam.
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«Não tenhas compaixão, deus protege-te e tudo o que fazes será santificado», garantiam os textos distribuídos pelo departamento Consciência Judia para um Exército Israelita Ganhador.
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Reagindo aos relatos, o governo israelita considera-os «boatos e rumores». O ministro da Defesa, Ehud Barak, afirmou mesmo que o exército israelita é «um dos exércitos mais morais do Mundo, que se comporta de acordo com o mais elevado código ético».
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Israel prossegue ofensiva
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Entretanto, Israel não apenas mantém como aprofunda a ofensiva contra o povo palestino. Para além das incursões, dos assassinatos seletivos e dos disparos contra populares que se aproximam das redes de separação entre os dois territórios – ainda no domingo um jovem palestino ficou ferido na Cisjordânia – e do bloqueio que deixa Gaza votada à miséria, outras práticas persistem no objetivo de expulsar os palestinos dos seus territórios.
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De acordo com o Palestine Return Centre (PRC), a chegada do novo governo israelita assinala o incremento de uma política racista de limpeza étnica. A mudança para hebreu do nome das ruas nas cidades árabes é apenas um dos muitos exemplos.
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No que à ocupação do território diz respeito, o PRC frisa que desde a chegada de Netanyahu à chefia do governo, mais de 1600 ordens de demolição foram dadas em Jerusalém, resultando na expulsão de milhares de palestinos. Algumas das áreas terraplanadas convertem-se em condomínios com jardins e a preços reduzidos só para judeus israelitas.
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Em toda a Cisjordânia continua a construção de colônias, a confisco de terras férteis e a construção do Muro da Vergonha. Segundo o Centro Israelita para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados, citado pelo rebelion.org, o número de colônias na região cresceu cerca de 37 por cento nos últimos seis anos, política que não só não merece uma condenação clara por parte da UE e dos EUA, como, a serem verdadeiras as informações veiculadas nos meios de comunicação social, vai continuar com o apoio das potências capitalistas.
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Alegadamente a administração Obama estará a negociar com o executivo de Telavive a legalidade das colônias construídos e dos projetos homólogos previstos, espezinhando todas as convenções e resoluções internacionais sobre a matéria e fazendo da política do fato consumado um instrumento de subjugação do povo palestino e de deslegitimação do seu direito a constituir um Estado soberano e viável.
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Original em Avante!
Postado por O Velho Comunista às 19:12
Marcadores: colonialismo, crimes de guerra, Direitos Humanos, fascismo, guerra imperialista, Imperialismo, israel, Palestina, prepotência, terrorismo de Estado
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