Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 1 de julho de 2009

MORAZÁN VIVE…

Por: Pedro J. Morillo

José Manuel Zelaya Rosales, o Nobre e Digno Povo Hondurenho e a Democracia, tem sido os novos objetivos do fascismo troglodita, como bem o chamou o comandante Chávez em sua alocução de ontem. Os fatos acontecidos ao povo irmão hondurenho e ao Governo do Presidente Zelaya afundaram na obscuridade de um golpe de estado, que optou por lançar-se sobre Honduras, dando uma rasteira histórica ao desenvolvimento desta nação.

A estupidez que tem caracterizado a direita pré-histórica que ainda pretende manejar nações inteiras através da fome e da miséria está vendo sucumbir suas míseras ambições ante as demonstrações mais contundentes de alianças e amizade, respeito soberano, mas por sua vez, sem medo de determinantes ante flagelos que pensávamos superados neste continente.

O governo legitimo e democraticamente eleito do Presidente Zelaya, deverá nas próximas horas retomar o poder, sem nenhum tipo de condição e esperamos que com a contundência e mão firme que permita, em primeiro lugar, castigar aos golpistas para que não suceda o que se passou na Venezuela, e, em segundo lugar, trocar os comandos militares corruptos e traidores dos princípios democráticos, humanos e emancipadores de Francisco Morazán, herói da independência hondurenha.

As tristes e dolorosas notícias e imagens que durante dois dias temos recebido da nação hondurenha, fazem um chamado à reflexão e à meditação sobre o papel histórico dos povos latino-americanos unidos em uma só voz e em uma só força com o objetivo de que estas demonstrações de barbárie e despotismo não voltem a ocorrer. A mão tenebrosa da CIA e do Departamento de Estado norte-americano, estão indefectivelmente detrás destas atrocidades. No entanto, e à moda da guerra fria, a lúgubre Escola das Américas e o comando sul, se o golpe fosse vitorioso, eles teriam ajudado e se não, como sucedeu, não o reconhecem, nem o apoiaram.

A historia latino-americana esta infestada de ditaduras e golpes de estado. A Guatemala viveu, exatamente faz 55 anos em um 27 de Junho, o golpe de estado contra o Coronel Jacobo Arbenz Guzmán; a morte do Presidente Omar Torrijos no Panamá tratado como um misterioso acidente; se soma a do Presidente Equatoriano Jaime Roldós Aguilera em 1981 nas mesmas circunstâncias estranhas. Outros tristemente célebres ditadores apos golpes de estado na América Latina foram Augusto Pinochet Ugarte no Chile com o conseqüente assassinato do Líder socialista e Presidente Salvador Allende, Anastacio Somoza e seus sucessores na Nicarágua, José Rafael Videla na Argentina que enfrentou prisão perpetua por crimes de lesa humanidade, Hugo Banzer na Bolívia, Alfredo Stroessner no Paraguai, Fulgencio Batista em Cuba, todos com uma característica intrínseca como é a sombra dos Estados Unidos e suas políticas de colonização de Nossa América (*).

Não duvidamos que se houvesse passado inadvertido o golpe de estado contra o governo do Presidente Zelaya, novamente, e em muito pouco tempo, tivéssemos em Honduras o Comando Sul dos Estados Unidos e suas subseqüentes políticas colonizadoras, mas a realidade é outra, a América está atenta ante qualquer manifestação de totalitarismo ditatorial e em especial os países da ALBA. Sem medo equivocar-nos afirmamos novamente que a manifestação imediata de repudio ao golpe de estado pelos Presidentes Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Daniel Ortega, abriram as portas para condenar mundialmente o golpe. A posição valente e firme fixada pelo Grupo da ALBA logo na tarde de domingo, abriram o caminho para que organizações internacionais encabeçadas pela ONU e pela OEA atuassem imediatamente, ou pelo menos em tempo recorde para um acontecimento de tal índole. As subseqüentes posições da CARICOM, SICA, Grupo do Rio, UNASUR, MERCOSUR, determinaram junto às já nomeadas, a queda de uma vez por todas e para sempre de qualquer pretensão ditatorial em nosso continente.

Será determinante a aplicação de cada uma das resoluções tomadas na busca de restituir o elo constitucional hondurenho. Mais adiante serão categóricos e concluintes os corretivos que se possam tomar de antemão para fatos como o acontecido, e que se apliquem resoluções políticas, econômicas, diplomáticas e sociais preestabelecidas para fatos como este com o objetivo de, como bem deixaram ver cada um dos presidentes latino-americanos, nem sequer permitam a discussão da restituição de poderes, já que se daria oportunidade de legitimar o ilegítimo.

Só esperamos que a calma e a tranqüilidade volte novamente ao povo hondurenho e alem disto, os organismos internacionais revisem as políticas diplomáticas para tratar casos extremos como este, que como bem menciona o Embaixador ante a OEA, Roy Chaderton, permitem a perduração por curtos lapsos de estados de fato, que por curtos ou breves que sejam, e bem o sabemos nós os venezuelanos, custam vidas do povo que valentemente enfrenta o compromisso de defender seus princípios, valores e liberdades.

“Declaro que meu amor a América Central morre comigo.”

“Para extirpar o mal das nações é preciso destruir as monarquias.”

“Com os reis nasceu a tirania.”
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Original em Tribuna Popular
Traduzido por Rosalvo Maciel
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(*) O autor esqueceu de citar a sangrenta ditadura brasileira iniciada em 1964 com a participação ativa do Departamento de Estado norte-americano e que perdurou por 21 anos. (N.P.)
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